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Olhe que não, shô Doutor! Olhe que não...

Olhe que não, shô Doutor! Olhe que não...

É Magia!

pedro, 17.06.05













Se há coisa que, de há uns anos para cá, tem vindo a cair no esquecimento e no degredo, essa coisa é a magia, embora, e há que admitir, o seja ex aequo com a há muito excomungada Cristina Caras Lindas. Mas esta é uma pessoa e não uma coisa. Segundo consta, pelo menos. Bem, independentemente disso, alturas houve em que o mágico era dos indivíduos mais valorizados no mercado do entretenimento. Em quase todos os programas de televisão, festas de freguesia, aniversários de putos ricos, casamentos foleiros, passagens de ano em associações recreativas ou festas de empresas têxteis, lá aparecia o mágico, vestido de smoking ou com um bizarro fato de aparente fabrico caseiro decorado com celofane em tons de dourado e brilhantes, com uma cartola, uma varinha, e, embora opcional mas quase sempre presente, uma espécie de capa ou um daqueles casacos dos pianistas. Acompanhado de uma ‘partenaire’ em fato de banho (um belo e volumoso decote sempre serviu para desviar atenções e ajudava bastante o mágico caso este se atrapalhasse), o senhor lá ia maravilhando os presentes com os seus truques limitados e mecânicos que envolviam cartas, coelhos, serrotes, pozinhos mágicos, confettis, espelhos, biombos, arcas, serpentinas, espadas, fios de pesca, pombas e muitas outras coisas que davam para fazer uma bela fogueira com um odor bastante específico.

Seja como for, duvido que exista um grama de estupefacção (é mais provável existir de putrefacção, sobretudo cerebral, se o leitor se lembrar de vibrar intensamente com magias) perante a consumação deste facto, e os mágicos, neste início de século, milénio e nova era, terem passado finalmente à história. É que esse desaparecimento, relativamente súbito, representa sem dúvida a passagem da humanidade para um estádio de evolução superior. O espectáculo de magia é deprimente. Baseia-se tudo no engano e na humilhação, no fazer as pessoas passar pelas criaturas parvas que realmente são. Enganar crianças é fácil, até porque os putos têm a capacidade de concentração de um peixe de aquário com dificuldades de aprendizagem, mas a verdade é que mesmo os adultos são tratados como um chimpanzé com fraldas, sobretudo quando é preciso um voluntário e alguém é chamado ao palco. Normalmente, pedem-se uma série de coisas ao espontâneo colaborador, mas o propósito é sempre mostrar como aquela pessoa, e enquanto representante da audiência, é um parvo. O mágico faz desaparecer moedas do nariz e testa do voluntário, adivinha as cartas que ele escolheu secretamente, fá-lo soprar para a sua própria mão para fazer desaparecer uma pomba ou um lenço, entre outras coisas, enquanto o pobre colaborador de circunstância não pode fazer perguntas, não pode percorrer o palco à procura de fios que levitem coisas, só pode olhar para ‘a magia’ de um determinado ângulo e nunca, mas nunca, pode tocar em nada a não ser as coisas que o mágico lhe dá para as mãos. A dinâmica é, então, bastante simples. Um homem de smoking chega, chama um de nós para um palco, mostra-lhe um objecto, rodopia sobre si mesmo enquanto diz qualquer coisa numa língua inventada, e, voilá, acabou de desaparecer algo mesmo à nossa frente. Não nos explica nada, a nossa acção está limitada e não podemos mentir. O que fazer? Fingir-se maravilhado com o facto e aplaudir porque, afinal de contas, o senhor é um mágico e agora já não se queimam estas pessoas especiais.

Mas isto é magia? Quando o David Copperfield fez desaparecer a Muralha da China, momento que por alguma razão ocupou um sábado à noite na RTP aqui há uns anos, era suposto pensarmos que o gajo era mesmo mágico? Logo para começar, nem houve a supervisão de dois ou três representantes do Governo Civil. Depois, toda a gente sabe que a única magia que o Copperfield alguma vez fez foi conseguiu andar a ver a Cláudia Schiffer nua durante uns tempos! Já em Portugal, o fenómeno da magia, pela mão desse ícone que parece andar sempre de luto (bem antes até da sua carreira ter sido assassinada em legítima defesa pela evolução) e que se chama Luís de Matos, assume proporções ainda mais ridículas do que aquelas que o resto do mundo atura. Adivinhar os números do Totoloto depois deles saírem? É magia. Adivinhar o resultado do Porto x Barcelona no fim do jogo? É magia. E Desaparecer completamente do mundo do entretenimento depois destas manifestações de talento e dom? É o quê? É o mercado a mostrar, finalmente, que também consegue ter bom senso.

Grandes Líderes (II): Hitler

pedro, 03.06.05
















A 20 de Abril de 1889, numa pequena localidade austríaca próxima de Linz, nascia um petiz que se tornou mundialmente famoso por ter promovido uma série de atrocidades, sendo que, de entre elas, deve ser amplamente destacado o facto de ter conseguido arrasar com a popularidade que, muito merecidamente, o nome próprio ‘Adolfo’ havia conquistado a nível mundial por causa dos reis e assim. Fruto amaldiçoado da saudável união entre Alois (este é o pai, apesar do nome híbrido) e Klara, prima em segundo grau do seu esposo, o pequeno Hitler estava, logo à partida, condenado à demência. É que, pelos vistos, séculos de monarquia que geraram aberrações físicas e mentais que fariam corar o jovem Victor Frankenstein, não impediram este casalinho de alinhar em mais uma união carnal consanguínea. Mas pronto, eles lá acharam que serem parentes e terem filhos em comum não queria necessariamente dizer que estes seriam bicípites ou que ostentariam uma rugosa cauda de crocodilo, e o projecto ‘Adolfo’ lá conheceu os seus primeiros passos. Consta até que a mãe de Hitler ainda terá ponderado o aborto, mas, e as escolhas matrimoniais o bem atestam, a sensatez premonitória nunca foi um dos pontos fortes daquela gente.

Apesar do mau arranque, a infância de Hitler até foi animada. Hitler teve cinco irmãos e, estranhamente, apenas uma irmã sobreviveu à meninice, sendo, claro, dado adquirido, que o reguila Adolfo, qual Chucky (ou Caim) em estado bruto, esteve activamente envolvido nestes óbitos fratricidas. Consta inclusive que Hitler terá, por esta altura, assassinado brutalmente os pais da Heidi (o que terá levado, mais tarde, a órfã gaiata a enveredar por uma vivência mais que secante com o avô senil) e obrigado a mãe de Marco a exilar-se na Argentina (fazendo com que o pobre petiz a procurasse incessantemente acompanhado apenas de um pequeno primata). Passado uns anos, e atingida a maioridade, Hitler parte de armas e bagagens para Viena, cidade onde pretendia desenvolver a sua veia de artista, porém, e como se bem sabe, este famoso bigode acabou por desenvolver antes a sua veia de ditador sanguinário (a aorta). Em 1914, e já um anti-semita de corpo inteiro, Hitler alista-se no exército alemão, sobretudo porque gostava da comida das trincheiras e de lama, e brinca às pistolas na I Guerra Mundial. Por esta altura, já Hitler dava indícios de ser um excelente orador, só que, e em vez de usar a sua eloquência para se relacionar sexualmente com senhoras roliças, optou por convencer uma série de amigos soldados à militância num pequeno partido entretanto criado, o qual, um par de anos mais tarde, se tornaria no Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Líder de um partido, o entusiasta Adolfo pôde finalmente propagar os seus ideais (ainda por cima em alemão, uma língua difícil), o que, muito naturalmente, fez com que fosse encarcerado sob a acusação de alta traição. Cumpriu apenas seis meses dos cinco anos de pena inicialmente previstos, e, pelo que vi no ‘Stallone Prisioneiro’, as prisões, antes de serem os únicos sítios que, a par da escola, têm um recreio, sempre foram locais propícios para a prática da sodomia massiva em zonas tão específicas como os chuveiros ou a sala de musculação. Ou seja, irritado, Hitler saiu da choça com histórias para contar e com uma compreensível e inevitável sede de vingança para com os judeus, ciganos e negros (as pessoas que, como se sabe, compõem a população das prisões e que terão, na altura, abusado do pobre Adolfo).

Resoluto em livrar a Europa destes indivíduos, recorreu a uma série de estratégias para angariar simpatizantes, ficando famosa a opção de manter o único penteado que conheceu em toda a sua vida, ou seja, aquele que a mãe lhe havia feito no dia do seu baptizado. Assim, Hitler conquistava as mães e as avós de toda a Alemanha porque, como se sabe, é crença popular entre este grupo da população que pessoas bem comportadas e obedientes usam risco ao lado lambido. Motivado, decidido, e através das manobras políticas que colocam todos estes lunáticos no comando, Hitler chegou, em 1933, a chefe supremo da Alemanha. Bem, depois foi o que toda a gente sabe porque viu nos filmes. Refiram-se, no entanto, mais uns dados curiosos sobre o senhor. Era canhoto, vegetariano, só tinha um testículo (ou dois muito pequenos – há duas versões, mas não me parece que isto interesse a alguém a não ser a leitores com fetiches muito específicos), sempre sentiu vergonha das suas origens (daí o bigode para desviar as atenções dos críticos dessa área), casou com a Eva Braun (inventora da Braun Silk-epil select), foi o ‘Homem do Ano’ da Times em 1938 (bela decisão editorial esta de colocar o Hitler na capa) e mandou um tiro na cabeça quando descobriu que os russos já estavam em Berlim e queriam saber quem é que tinha feito aquele bonito serviço em Estalinegrado.