Só cá faltava mais este…
Será o oitavo (?) episódio da série ‘Academia de Polícia’. Bem vistas as coisas, não é propriamente a chegada de um oitavo episódio que surpreende e escandaliza. Esse papel, o de surpreender, escandalizar, e, porque não dizê-lo, horrorizar o mundo, já foi desempenhado pelo segundo episódio da série. A partir do momento em que há uma sequela daquele primeiro filme, tudo passa a ser possível no mundo do cinema. Probabilidades de sucesso, ou sequer de algum bom gosto, desta sequela? Nenhumas, até porque, como se não bastasse a premissa idiota que sustenta o filme, alguns actores habituais já estão confirmados. Sendo assim, o Tackleberry, o sargento dos óculos espelhados e magnum prateada, será de longe a melhor personagem e o melhor actor, mas isso só porque morreu em 2001. Ver a Debbie Callahan de calções e t-shirt justa quando conta 35 primaveras não é com certeza a mesma coisa que vê-la nas mesmas vestes com 57 rigorosos e impiedosos invernos.
E será mesmo preciso mais um filme com um preto que imita um sensei que fala com a voz dobrada em inglês, ou que reproduz o som de megafones, feedback e electricidade estática? Como se estes não fossem já argumentos para não se fazer mais uma ‘Academia de Polícia’, ainda por lá aparece a irrefutável prova de que será irremediavelmente um péssimo filme: Steve Guttenberg. Este descendente do gajo que inventou a imprensa consegue dotar todos os seus filmes de um denominador comum. São todos tão maus filmes como ele é actor. Mas mesmo maus. Para verem como são maus, só digo que os melhores serão, à vontade, as porcarias dos dois ‘Cocoon’, o ‘Curto-circuito’ e os ‘Três Homens e um bebé/uma menina’. O gajo definia os filmes e, durante os anos 80, e como Steve entrava em muita coisa, alguns filmes, como veículo de promoção, chegam a avisar, nos seus traillers e nos posters, que ‘não tem o Steve Guttenberg!’ – ‘Without Steve Guttebberg!’. Tudo o resto era secundário.
Bem, preparem-se lá então. Porque, no próximo ano, está de volta mais uma sequela do filme que, há mais de vinte anos, tentou mostrar ao mundo como era engraçado ver o polícia mau com a cabeça enfiada no cu de um cavalo. Sim, alguém achou que sodomizar equídeos com a cabeça era o que faltava para o mundo rir mais e com mais força. E, tendo em conta que a série ‘Academia de Polícia’, valha-lhe isso, prima pela coerência – porque o primeiro é mau, mas o segundo é pior, o terceiro ainda é pior, e por aí adiante até ao sétimo –, este novo episódio promete.