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Olhe que não, shô Doutor! Olhe que não...

Olhe que não, shô Doutor! Olhe que não...

Dez cores

pedro, 08.02.07











É verdade que, de certa forma, já se poderá, nesta era de tamanha hibridez e frequentes “que caralho era aquilo?”, considerar um truísmo quando se diz que a identificação de um homem é acção que extravasa em muito a posse ou não de uma pila. Mas é. Clara e inquestionavelmente, é. Há indivíduos que têm pilas e não são homens. Os exemplos são por de mais conhecidos e enumerá-los seria um fastio para todos nós. Mas, pronto, aponte-se só um, para não deixar ninguém completamente à nora. Dina. Realce-se, também para que se evitem desde já boatos caluniadores a respeito de como adquiri esta informação, que eu e o urologista de Dina registamos o Euromilhões no mesmo sítio. E quem partilha frases como “olhe, meta-me aí dois da máquina”, acaba sempre por partilhar também estas coisas. Tal como existem indivíduos que, não tendo pilas, são homens. Gajos que tiveram acidentes e assim. Por isso é que nunca usei uma rebarbadora nu. Nem um berbequim. Mesmo lixadeiras, no máximo, só de cuecas. E já só uso calças com botões. Não confio em fechos-éclair e, até acaba por ser mais isto, não tenho grande confiança na minha capacidade de discernimento enquanto garante de “arrumar tudo antes de puxar o dito fecho para cima com toda a força”. É uma questão de cautela. Para lá dos acidentes, há que contar ainda com gajos que insistem em fazer apostas quando estão bêbados. Um bêbado acha que consegue sempre tudo. Um bêbado acha que consegue sempre tudo com a pila. Perante este encadeamento lógico de pressupostos, é fácil concluir que se perde muito falo em apostas de bêbados. Portanto, indivíduos sem pila podem perfeitamente ser homens no sentido ideológico do termo. Como indivíduos sem tomates também o podem ser, claro. Aliás, diga-se em abono da verdade que, e louvando ao mais alto nível, que é aqui, a coragem destes infligidos em particular, é preciso ter tomates para ser castrado. Literalmente. O desafio de, em pleno século XXI, definir hOmem, com “o” grande à Pinto da Costa versão João Domingos Silva Pinto, assentará com certeza numa série de critérios ou directrizes, mas, ficou patente, não se trata tão somente de uma questão de posse de pila ou privação da mesma. Isso é demasiado redutor. Mais que ter ou não ter, um homem define-se, e só para citar a forma mais perfeita de o fazer, pela sua erudição e sensibilidade quando se trata de lidar com o pitoresco mundo das cores. Falta delas, entenda-se, claro está, como é óbvio e logicamente. Delas, sensibilidade e erudição, logicamente, como é óbvio, claro está e entenda-se. Há algo no homem que o impede de processar mais que dez cores. Sendo elas, as tais processáveis, o verde, o vermelho, o branco, o preto, azul, amarelo, castanho, laranja, rosa e cinzento. É esta a discriminação de cores que o código masculino possibilita e admite. E isto é no máximo, embora existam homens cuja faculdade discriminatória relativamente a cores roce números bem abaixo da dezena. Bem, para além das dez, grená ainda é aceitável, devido ao lendário Desportivo de Chaves e ao seu equivalente espanhol, um tal de Barcelona. Roxo e lilás, por exemplo, já são cores que não encontram consenso entre os teóricos quando se trata de estabelecer uma relação causal entre o seu reconhecimento e a natureza masculina. Mas, se se tratar de algo para além destas, já de si rebuscadas, excepções, há muito que deixámos território masculino para entrar em condados femininos. Um homem, quando confrontado perante supostas cores como “azul furtivo”, “ciano”, “magenta” ou “turquesa”, dirá sempre, e respectivamente, “furtivo!?!? mas é azul na mesma, n’é?”, “hã?”, “hã?” e “hã?”. Ao passo que uma mulher, não só saberá de imediato que aquilo são cores, como ainda saberá facilmente de que cores se trata. E, pior que isso, até as conseguem definir por palavras. Os homens preferem, em tudo, as definições por “vou apontar para uma coisa que seja mais ou menos parecida”. Ora então, mais que decretar número de hormonas e outras balelas de suposto suporte científico, importa esclarecer que um homem saberá tanto o que raio é coral, carmesim, lavanda ou alfazema, como uma mulher alguma vez saberá realmente o que é um fora de jogo e todas as suas particularidades. É uma questão de tento. As cores e a Lei XI sempre disseram mais que qualquer laboratório alguma vez dirá.

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