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Olhe que não, shô Doutor! Olhe que não...

Olhe que não, shô Doutor! Olhe que não...

mais do qu'isto *

pedro, 01.11.07

palmas


Na pretérita semana, e como invariavelmente ocorre em qualquer série de sete dias consecutivos, tomei consciência que sou excepcionalmente bom em todavia mais uma outra cena. Precisamente as palmas, os aplausos, essa entidade que, não se tendo o cuidado e categoria essenciais, se transmuta quase sempre numa saloiada de primeira água. Já me sabia indivíduo que não oferta o seu aplauso por tudo e por nada. O critério é a base da civilização. Até nem é, mas imagine-se que sim. A banalização das palmas, dos aplausos, é dos piores fenómenos que a cultura de massa nos foi impingindo. O outro foram os Simply Red, a pior banda de todo o sempre, futuro, passado e presente - o tipo de conjunto musical que nos faz desejar que os Grammy, em vez daquele gramofone pequenino e dourado com uma base em madeira que aparenta ser da cara, fossem pontapés na cabeça, e que os Simply Red ganhassem sempre à vontade. Menos em anos bissextos, período em que ganhariam os Suede. Ora, por, digamos, consequência revoltosa, não faço aquela paspalhice de bater palmas ritmadas quando o Tello vai marcar um livre, frontal ou descaído para a meia direita. Agora já nem é o Tello, é aquele rapaz aborígene com um nome parecido com aquele outro rapaz do Manchester que parece, em exacta proporção, o Tony Soprano e o Shrek, mas o princípio conserva-se imaculado. Portanto, não é disso, de bater palmas à balda e sem critério, que o meu método aplaudente se pode e deve gabar. É, isso sim, o facto de, em todos os espectáculos a que assisti até hoje, ter sido sempre o último gajo a parar de bater palmas, quando, obviamente, considero termos estado perante um momento aplaudível. Mas é uma coisa marcada pela extrema classe, rítmica e o que mais houver de positivo. Não fico, feito parvo, a bater palmas. É um dom. Tanto é, que aquele último “clap”, mínimo, mas perceptível para quem está realmente atento, é sempre meu. Frise-se que é aspecto altamente valorizado em determinadas culturas, embora sejam, até ver, todas elas fictícias.


miami sound machine vs. no doubt


São dois agrupamentos musicais profundamente dispensáveis, mas que encerram em si nota digna de registo. Desde o dia (vou dizer um dia ao calha, mas terá sido algures nesta altura e no mínimo acerto na estação do ano) seis de Março que, e após um esforço prévio no sentido da conversa seguir esse fascinante rumo, consegui convencer exactamente uma dezena e meia de pessoas que a ex-vocalista dos No Doubt é a Gloria Estefan. Curiosamente, o contrário, isto é, que a Gwen Stefani é a ex-vocalista dos Miami Sound Machine, revelou-se bem mais complicado, tendo apenas quatro barra quinze das cobaias ficado convencido de que assim era. Convencido de que a Gloria Estefan era a ex-vocalista dos No Doubt e que a Gwen Stefani era a ex-vocalista dos Miami Sound Machine ficou apenas um indivíduo, mas ele tinha a gola da camisola demasiado babada, logo, em termos estatísticos, a sua opinião, ainda que por mim moldada, é residual, o mesmo é dizer, muito estúpida. A despeito dos nomes das raparigas, Gloria e Gwen, serem, a nível da fonética, até relativamente confundíveis, acho que toda a glória destes números deve ser associada somente à minha pessoa. Porque, em síntese, alcançá-los, aos resultados, é bem mais bicudo do que possa parecer.


bill paxton


É um actor. Não chateia, mas também ninguém molha as calças com os seus desempenhos no grande ecrã. Foi, e isto é que é merecedor de amplo destaque e nobilitação, o único actor a levar, letalmente, nas fuças dum Exterminador, dum Alien e dum Predador. Primeiro, como membro de um gang que se mete com o T-800 (naquela parte em que ele aparece nu e está com frio, até nem queria problemas, apenas um casaco ou agasalho de qualquer espécie), é empurrado contra um gradeamento e morre. Depois, como soldado Hudson, é puxado por um Alien através dum alçapão, quando estava a metralhar outros Aliens e a gritar o, habitual nestas coisas, “do you want some of this?” feito maluquinho. Finalmente, é todo escavacado por um Predador no metro de Los Angeles. Não foi bonito, que a circulação, não sei bem em que linha, chegou a ser interrompida. Cada vez que chego ao metro e dou de caras com aquele aviso do “por motivos alheios ao metro [ou lá o que é, não me lembro do que eles se consideram], encontra-se interrompida a circulação na linha [cor da linha que, por acaso, eu ia usar]”, lembro-me deste filme do Predador, que é o dois. Porque neste filme é que se mostra, com um realismo atroz, como é que “por motivos alheios ao metro”, a circulação pode ficar interrompida. O que quero deixar claro é: não me queiram copular sem eu dar aval, metro de Lisboa, porque não estou bem a ver que raio de motivos completamente alheios à vossa acção podem impedir a circulação. Há outra empresa a usar aqueles túneis ou as carruagens? Então, porra, a não ser que tenham um Predador a dar cabo dos comboios em andamento e, irresponsavelmente, a carregar naquele travão de emergência, não nos dêem a cantiga do “por motivos alheios”. Porque isso, um Predador a virar carruagens à procura do Bill Paxton, é que são motivos alheios. É só um exemplo, claro. Assim com’assim, o que importa reter, em termos deste actor, o Bill Paxton, é que fui a primeira pessoa a saber isto em Portugal. Uma espécie de António Variações, se se quiser (partindo-se do princípio que, por “morrer de sida”, consideramos aqui o “saber que o Bill Paxton foi o único actor do mundo a ser morto por um Exterminador, um Alien e um Predador”).



camión



Aos meus, não raras vezes inocentes, olhos, cada vez menos eventos se vão revelando como portadores do chamado factor surpresa, sobretudo na sua faceta mais pungente. Não significará isto que, alquando, tal não se vá verificando? Não sei, que, bem vistas as coisas, acho que não percebo a minha própria questão. Deve ser por causa da dupla-negação. Sei é que basta, por exemplo, haver um acidente de trânsito envolvendo veículos pesados aqui na zona para nos fazer descer à terra e ganharmos consciência que, em solo nacional, a percentagem de indivíduos – dos mais variados credos, etnias, faixas etárias e géneros – que ainda diz camión, referindo-se à viatura automóvel de largo porte que o léxico português identifica como camião, é absurdamente elevada. Havia um, e apenas um, parvo que disse caminhão, mas cheira-me que era brasileiro, quanto mais não seja porque era condignamente parecido com aquele sul-americano do Sporting que fez o passe para o Skuhravy mandar aquele remate à barra contra o Chaves em noventa e cinco. Eu já fui melhor com nomes, a verdade é essa. E o que mais m’inquieta, enquanto cidadão e membro activo de nada em especial, é que, sobre isto do camión, não existam indicadores da União Europeia. A julgar pelo universo que aquele acidente envolvendo um pesado aqui na minha zona se mostrou capaz de agregar, palpita-me que a percentagem de indivíduos que dizem camión é maior em Portugal que em França. Aproveito e deixo também, justamente nesta parte sobre camións, aquela que considero ter sido a frase do mês. O autor responde pelo nome de Hélder Cristóvão, é ex-futebolista de clubes tão diversos e odiáveis como o Benfica, etc., e ontem teve a seu cargo os comentários do encontro entre o Centro Desportivo de Fátima e uma equipa que tinha o Liedson e que me recuso a acreditar ser o Sporting Clube de Portugal. Embora tenha pautado os seus comentários pela coerência e espectacularidade, até em termos de timbre de voz (metia medo, basicamente), há, segundo a minha convicção, um raciocínio que teve materialização vocal e que merece amplo destaque. Ei-lo: “Com a equipa em vantagem, há que procurar o contra-ataque, e isso, o Fátima fazeo [nem sei como se escreverá esta coisa e admito ligeiramente que nem seja assim, mas foi isto que o Hélder Cristóvão disse e eu ouvi – e várias vezes, embora esta tirada sobre o contra-ataque enquanto arma preferencial das equipas em vantagem tenha sido a mais conseguida e contextualizada, daí o destaque aqui como “frase do mês”] muito bem”.  


* Pela primeira vez, desde há sabe Deus quanto tempo, título e fotos facilmente relacionáveis (mais ou menos) com o conteúdo e não apenas aqui para atrofiar as pessoas

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