emozione dopo emozione
Nunca esquecendo que vivemos num mundo em que não passa um minuto sem que alguém canzane [terceira pessoa do singular do presente do conjuntivo do verbo canzanar] um animal de quinta, eu, pelo sim, pelo não, quando um indivíduo me pergunta se pode usar a minha casa de banho, e porque esta questão se apresenta estruturalmente como bastante ambígua, contraponho sempre um “para quê?”. Não estou para dizer apenas “claro, claro, é ali à direita” e passado um bocado aparecer um marmanjo de barba feita e banho tomado, a usar o meu robe preferido, quando tinha eu ficado a pensar que o usufruto do quarto de banho fosse apenas no sentido de mictar ou usar o espelho para ver se tinha alguma coisa nos dentes. Ressalve-se que, como bónus, depois do “para quê?”, pouca gente perdura na demonstração de vontade em recorrer à minha casa de banho, o que será sempre de salutar. Até porque há dois cafés ao pé de minha casa, ambos com WC, e os quais eu não tenho que limpar. A primeira parte desta última oração é o facto que refiro quando as pessoas, apesar do “para quê?”, especificam e continuam a querer usar a minha casa de banho. Daí que, de tempos a tempos, num desses cafés, lá ouça uns “é você que encaminha pessoas para usarem aqui a casa de banho, não é?”, todavia, como só lá vou ler o jornal, não corro o risco de me cuspirem na bica.
